mostrando 1-10 de 11
o que é Vedanta
====
Ao observarmos a história da humanidade
constatamos que, nos últimos 100 anos, nosso mundo passou por
transformações extraordinárias e experimentou um desenvolvimento sem
precedentes em todas as áreas de conhecimento. A Terra passou a ser uma
aldeia global, onde nações, povos e raças partilham dos avanços e dos
benefícios que ocorreram nesse último século, mas também tem que
encontrar soluções aos problemas que agora passaram a ser comuns a toda
a humanidade. Tornou-se necessário o reconhecimento de que somos todos
irmãos e compreender que somente pela prática do respeito mútuo e do
bem estar comum é que conseguiremos conviver de forma harmoniosa e
fraterna.
As religiões tem sido no passado e no
presente a causa de muitos conflitos entre os seres humanos. Os
religiosos também tem que se ajustar a essa nova realidade. É
necessária uma base filosófica e ética, aceita por todos, que promova a
convivência pacífica e fraternal entre todas as crenças religiosas.
Nesse
momento histórico da humanidade o sistema filosófico Vedanta poderá ser
de muita ajuda para a solução dos conflitos religiosos, pois sem
interferir com as crenças religiosas individuais, ensina com base na
experiência de sábios da antigüidade que existe uma só Realidade, que é
chamada por muitos nomes. A Vedanta era praticamente desconhecida da
humanidade, até que em 1893 Swami Vivekananda divulgou esses
ensinamentos milenares ao participar do Parlamento das Religiões, que
se realizou naquele ano em Chicago - USA.
A palavra Vedanta significa o fim, ou a essência dos
Vedas - as Escrituras Sagradas mais antigas da Índia. Esses
ensinamentos compõem a parte final dos Vedas, chamada de Upanishads.
Essas escrituras sagradas são o registro das experiências espirituais
de muitos sábios da Índia, em sua busca por Deus e pela Realidade
Última. Esses sábios permaneceram anônimos porque as verdades que eles
ensinaram eram mais importantes do que suas personalidades. A Vedanta é
a base religiosa e filosófica de muitas vertentes do Hinduismo e seus
ensinamentos são universais e impessoais. Os princípios básicos da
Vedanta podem ser experimentados e testados por todos os aspirantes
espirituais, sejam eles de quaisquer religiões, filosofias, raças ou
crenças.
A
Vedanta ensina que todas as religiões e filosofias conduzem à meta
final, à experiência e à realização de Deus. A Vedanta pode ajudar o
cristão a ser um cristão melhor, o judeu a ser um judeu melhor, um
muçulmano a ser um muçulmano melhor, um hindu a ser um hindu melhor e
dessa forma consegue harmonizar todas as crenças e conduz à convivência
pacífica de todos os aspirantes espirituais.
A
Vedanta coloca a realização de Deus e a manifestação de nossa divindade
na vida cotidiana. Podemos atingir esse objetivo por meio de métodos
chamados Yoga (união com Deus), que canalizam as energias e tendências
que todos nós já possuímos. Através da prática espiritual podemos
descobrir nosso verdadeiro ser, que não é nosso corpo nem nossa mente.
Nosso ser é puro, perfeito e livre, e uno com a própria Divindade.
Existem
várias Yogas, pelas quais todos os buscadores espirituais, de acordo
com a sua própria natureza, podem experimentar e perceber sua divindade
interior, ou Deus. Há quatro Yogas principais e o ideal é praticar um
equilíbrio harmonioso das mesmas:
Bhakti Yoga é para
pessoas de natureza predominantemente afetiva. Ensina a desenvolver uma
relação de amor e devoção para com Deus, a sublimar as emoções comuns e
a transformar em divino
o amor humano;
Jnana Yoga é o
caminho do filósofo que deseja ir além do universo visível. Ensina o
método do discernimento dos valores da vida e a reconhecer a natureza
transitória de tudo o que existe no universo. Conduz o aspirante à
iluminação espiritual em sua busca da Realidade Última, Eterna e
Permanente, que habita o âmago de seu ser;
Karma
Yoga ensina o segredo da ação de forma que o aspirante espiritual
possa, através do serviço voluntário e altruísta, servir os seres
humanos como forma de adoração ao Deus que existe no interior de cada
um, e a realizar, assim, sua própria natureza divina;
Raja
Yoga conduz ao domínio da mente e da natureza psíquica do ser humano em
sua busca da causa de tudo o que existe. É o método que conduz à
prática da concentração e da meditação com o objetivo de se atingir o
Samadhi. É a alma de todas as Yogas e também chamada de "o caminho
psicológico da união com Deus".
Seguindo um ou mais
destes métodos sob a direção de um mestre, o aspirante pode perceber a
existência da realidade divina como sendo sua própria essência e a de
todo o universo. Recomenda-se ao buscador sincero procurar um mestre
espiritual qualificado para guiá-lo em sua prática espiritual, pois o
caminho que conduz a Deus varia de indivíduo para indivíduo,
ajudando-o, assim, a evitar cair nas muitas armadilhas que existem no
caminho.
A Vedanta ensina que nossa real natureza é divina.
Deus é nosso mais íntimo Ser, uma realidade subjacente a tudo o que
existe. A verdade é universal, e a religião é a busca do Ser, a busca
de Deus dentro de nós. A Vedanta não nos pede que abandonemos a razão;
ao contrário, encoraja uma abordagem científica e racional da religião.
Reconhece todas as religiões do mundo como verdadeiras e aceita os
ensinamentos de todos os grandes profetas, mestres e encarnações
divinas.
A
ética da Vedanta, que reconhece a unidade espiritual de todos os seres,
leva paz e harmonia ao mundo religioso e filosófico e promove a
tolerância e a cooperação entre seus seguidores.
Vedanta
é uma das filosofias espirituais mais antigas do mundo e uma das mais
inclusivas. Baseada nos Vedas, os textos sagrados da Índia, a Vedanta
sustenta e mantém os preceitos da unidade da existência, a divindade da
alma e a harmonia das religiões. Vedanta é a base filosófica do
hinduismo; mas enquanto o hinduísmo inclui aspectos da cultura indiana,
Vedanta é universal em sua aplicação e igualmente relevante em todo o
país, a toda cultura e a todo antecedente religioso. A palavra
“Vedanta” é a combinação de duas palavras: “Veda”, a qual quer dizer
“conhecimento”, e “Anta”, que significa “o fim de” ou “a meta de”.
Neste contexto, a meta do conhecimento não é intelectual; não se trata
do conhecimento limitado que adquirimos mediante a leitura de livros. Conhecimento
quer dizer conhecimento de Deus, a existência universal, como também o
da nossa própria natureza divina. Então Vedanta é a busca do
conhecimento do nosso próprio Ser, a busca do conhecimento dentro de
nós. Que queremos dizer quando dizemos Deus? Segundo a Vedanta,
Deus é existência infinita, consciência infinita e felicidade infinita.
O termo em sânscrito para essa realidade transcendente e impessoal é
Brahman, a realidade toda penetrante e ilimitada. Mas até a Vedanta
mantém que Deus pode ser pessoal também, assumindo um corpo humano de
época em época. Mas até mais importante é que Deus mora em nossos
corações como o Ser Divino ou Atman. E dado que Deus é imortal, Atman
nunca nasce e nunca morre. Nunca se mancha por nossas caídas, nem é
afetado pelos altos e baixos da mente e do corpo; o Atman não é tocado
por nossa dor, desespero, enfermidade ou ignorância. Puro, perfeito,
livre de limitações; o Atmam, declara a Vedanta, é uno com Brahman. O
magnífico templo de Deus existe dentro do coração humano. Também
afirma a Vedanta que a meta da vida humana é manifestar e realizar
nossa divindade. Não somente isto é possível, é inevitável.
Nossa natureza real é divina; a realização de Deus é
nosso patrimônio. Cedo ou tarde nós manifestaremos nossa divindade.
Nesta mesma vida ou em vida futura, porque a verdade maior de nossa
existência é a divindade de nossa própria natureza. Finalmente,
a Vedanta declara que todas as religiões ensinam as mesmas verdades
básicas sobre Deus, o mundo e as relações humanas. Faz milhares de anos
que Rig Veda declarou: “A verdade é uma, os sábios a chamam por vários
nomes”. As religiões oferecem caminhos distintos para se chegar a Deus,
cada um dos quais é válido e verídico. Cada religião oferece um caminho
único e insubstituível que conduz à realização de Deus. As mensagens
conflitantes que encontramos entre as religiões são o resultado da
doutrina e o dogma mais que a realidade que brinda a experiência
espiritual. Se bem que existem diferenças entre os preceitos externos
das diversas religiões do mundo, há incríveis semelhanças no interno.
O conceito de maya
O conceito de maya
A Vedanta declara que
nossa natureza real é divina: pura, perfeita, eternamente livre. Não
necessitamos nos transformar em Brahman, já o somos. Nosso verdadeiro
Eu, o Atmam, é uno com Brahman. Mas se nossa natureza é divina, por que somos tão lamentavelmente inconscientes disso?
A resposta está no conceito de maya ou ignorância. Maya é o véu que
cobre nossa natureza real e a natureza real do mundo que nos rodeia.
Maya é fundamentalmente incompreensível: não sabemos porque existe, nem
como começou. O que sabemos é que, como qualquer forma de ignorância,
deixa de existir quando amanhece o conhecimento; o conhecimento de
nossa natureza divina. Brahman é a verdadeira realidade de nossa
existência: em Brahman vivemos, em Brahman nos movemos, em Brahman mora
nosso ser. “Na verdade tudo isso é Brahman”, declaram os Upanishads, os
textos sagrados da filosofia vedanta. O mundo mutável que vemos a nosso
redor, se pode comparar às imagens que vemos na tela do cinema: sem a
tela imóvel e imutável no fundo, não pode haver filme. Similarmente, o
imutável Brahman – cimento da existência – desde o fundo deste mundo
impermanente, lhe outorga o sentido de realidade a esta ilusão.
Até para nós esta realidade está condicionada, como um espelho torcido
pelo tempo, espaço e causa (a lei da causa e efeito). Nossa visão da
realidade se vê até mais distorcida pela identificação equivocada:
tendemos a nos identificar mais com o corpo, a mente e o ego, que com o
Atman, o Divino Ser que mora em nosso interior. Essa percepção
errônea produz ignorância e dor em uma seqüência interminável: nos
identificando com o corpo e a mente, tememos a enfermidade, a velhice e
a morte; nos identificando com o ego, sofremos de ira, ódio e centenas
de aflições. Mesmo assim, nada disto afeta o Atman, nossa natureza
real.
Maya pode ser comparada com as nuvens que tapam o
sol, mas a presença das nuvens não impede de vê-lo. Quando as nuvens se
dispersam, tomamos consciência de que o sol esteve ali todo o tempo.
Nossas nuvens - maya que aparece como egotismo, ódio, avareza, luxúria,
ira, ambição – são removidas quando meditamos em nossa natureza real,
quando nos ocupamos de ações inegoístas e quando nos ocupamos e
pensamos consistentemente em uma maneira que manifeste nossa natureza
real: isto é, através da verdade, pureza, contentamento, humildade,
resignação, autocontrole e paciência. Esta purificação mental dispersa
as nuvens de maya e permite emergir nossa natureza divina em todo seu
esplendor. Shankara,
o grande sábio filósofo do século sétimo hindu, usava o exemplo da
corda e da serpente para ilustrar o conceito de maya. Caminhava um
homem por uma obscura e solitária ruela, quando veio uma serpente; seu
coração começou a bater fortemente e seu pulso se acelerou. Mas ao
aproximar-se um pouco, pode ver que sua “serpente” não era mais que um
pedaço de corda enroscada. Uma vez que se rompe a ilusão, a serpente
desaparece para sempre. Similarmente, caminhando pelo obscuro
caminho da ignorância, nos vemos como criaturas mortais, rodeados pelo
universo de nome e forma, o universo condicionado pelo tempo, espaço e
causa. Somos conscientes de nossas limitações, cativeiro e sofrimento.
Aproximando-nos para inspecionar mais de perto, vemos que a criatura
mortal e o universo todo, são só Brahman. Uma vez que se rompe a ilusão
, nossa existência, assim como o universo, desaparecem para sempre.
Vemos que Brahman existe em todas as partes e em tudo.
Anônimo
Legal !!!
Agradeço os esclarecimentos... muito bom esses textos. Ate mais
Que excelente respostas! Beijos!
| |