O SAGRADO ENSINAMENTO DE SRI RAMAKRISHNA

 

CAPÍTULO I

 

O HOMEM  

O DESTINO DO HOMEM.

A NATUREZA REAL DO HOMEM.

A ESCRAVIDÃO DO HOMEM.

A MORTE E A REECARNAÇÃO.

O destino do homem.

 

1. Você pode ver muitas estrelas no céu durante a noite, mas não quando sai o sol.  Você pode, por isso, dizer que não há estrelas no firmamento durante o dia? Oh, homem! Porque você não vê Deus nos dias de sua ignorância, não diga que Deus não existe.

 

2. Nasceu em vão o homem que, tendo alcançado o nascimento humano, tão difícil de obter, não trata de realizar Deus nesta mesma vida.

 

3. O homem é recompensado de acordo com seus pensamentos e propósitos. O Senhor é como o kalpataru, a árvore celestial que concede tudo o que alguém deseja. Cada qual obtém dEle o que busca. Se o filho de um homem pobre recebe instrução e depois de árduo trabalho chega a ser juiz de uma Corte Suprema, pode pensar: “Agora sou feliz, cheguei ao último degrau da escada”. (Fazendo eco a seu pensamento) o Senhor lhe diz: “Muito bem. Fique assim”. Mas quando o juiz da Suprema Corte se alegra e analisa seu passado, então, compreende que desperdiçou sua vida e exclama: “Que obra real cumpri nesta vida?”. O Senhor também lhe diz: “Sim, o que você fez em toda sua vida!”.

 

4. O homem nasce neste mundo com duas tendências – vidya, que é a tendência de buscar o caminho da liberação e avidya, que é a inclinação à mundanidade e escravidão. Quando nasce, ambas as tendências estão, por assim dizer, em equilíbrio, como os dois pratos de uma balança. O mundo coloca seus gozos e prazeres em um prato e o Espírito e sua atração em outro. Se a mente escolhe o mundo, o prato de avidya se torna pesado e o homem é atraído para a terra; mas se escolhe o Espírito, o prato de vydia se torna mais pesado e o eleva para Deus. 

 

5. Conhece o Um e conhecerá tudo. Colocando zeros depois do um, se obtém valores de centenas e milhares, mas se o um é apagado, os zeros perdem todo seu valor. A multiplicidade tem valor por causa do Um. Primeiro o Um e depois o múltiplo. Primeiro Deus e depois os “jivas” e “jagat” (as criaturas e o mundo).

 

6. Primeiro ganhe Deus e depois as riquezas; mas não busque o contrário. Se viver no mundo depois de adquirir a espiritualidade, nunca perderá sua paz mental.

 

7. Você fala de reformas sociais? Bem, você poderá se ocupar disso depois de realizar Deus. Lembre, os antigos rishis (sábios espirituais) abandonaram este mundo para alcançar Deus. Essa é a única coisa necessária. As outras lhe serão dadas por acréscimo, se realmente você se preocupar em tê-las. Primeiro, veja Deus e logo poderá dar conferências e falar de reformas sociais.

 

8. Um forasteiro recém chegado a uma cidade, primeiro deve assegurar um alojamento cômodo para passar a noite e depois de deixar ali sua bagagem, pode visitar, sem preocupações, os diferentes pontos da cidade. Se não fizer assim, terá de sofrer muito na escuridão da noite para buscar um lugar para descansar. De igual modo, quando alguém chega a este mundo, primeiro deve assegurar o lugar de eterno descanso em Deus e logo poderá dedicar-se, sem temor algum, as suas tarefas diárias. De outro modo, quando for surpreendido pela escura e terrível noite da morte, terá de enfrentar grandes dificuldades e sofrimentos.  

9. Às portas dos grandes celeiros se colocam armadilhas contendo arroz tostado (murhi) para caçar ratos. Os ratos, atraídos pelo sabor do arroz tostado, esquecem o maior prazer de comer o arroz guardado nos celeiros e caem nas armadilhas. Ficam ali aprisionados e morrem. Muito semelhante é o caso da alma. Permanece no umbral da felicidade Divina, a qual é como milhões dos melhores prazeres mundanos condensados em um só e no lugar de esforçar-se para alcançar essa felicidade, se deixa seduzir pelos pequenos prazeres do mundo e cai na armadilha de maya, essa grande ilusão (a natureza física e mental, que é transitória) e ali perece.

 

10. Um Pandit (erudito) pergunta: Os teósofos dizem que existem os “Mahatmas”. Dizem, além disso, que há diferentes planos e esferas, como o plano astral, o plano Devachânico, a esfera solar, a lunar, etc., e que o corpo sutil do homem vai a esses lugares. Dizem muitas outras coisas deste gênero. Bem, Senhor, qual é sua opinião sobre a Teosofia?

O Mestre: Só o bhakti, o amor a Deus é supremo. Eles apreciam o bhakti? Se não o fazem, está muito bem. É bom se seu objetivo e meta de vida é a realização de Deus. Mas lembre que ficar embevecido com coisas tão triviais como a esfera solar, a esfera lunar, o plano astral, etc., não significa genuína busca de Deus. Deve-se praticar as sádhanas (exercícios espirituais) para obter devoção a Seus pés. Deve-se chorar por Ele com intenso desejo de coração. Deve-se retirar a mente dos diferentes objetos que a atraem e deve-se concentrá-la exclusivamente em Deus. Ele não está nos Vedas, nem na Vedanta, nem em nenhuma outra escritura. Nada pode ser alcançado, a menos que o coração sinta intenso desejo por Ele. Deve-se orar com grande fervor e praticar as sádhanas. Não se pode realizar a Deus tão facilmente. As sádhanas são necessárias. 

 

11. Todos os homens verão a Deus? Ninguém permanece em jejum durante o dia todo. Alguns conseguem a comida às nove da manhã, outros ao meio-dia e outros à tarde ou quando baixa o sol. De forma similar, cedo ou tarde, nesta mesma vida, ou depois de muitas outras vidas, todos devem ver e verão a Deus.

 

12. As crianças brincam no pátio com seus bonecos, despreocupados e sem medo. Mas quando a mãe chega param com as brincadeiras e correm para ela gritando: “Mamãe, mamãe”. Você também, oh homem!, está brincando neste mundo material, vaidoso de seus bonecos, como são a riqueza, as honras, a fama, etc. e não sente nenhum temor ou ansiedade. No entanto, se chegar a ver, mesmo que seja uma só vez, a sua Divina Mãe, não encontrará mais prazer em todos esses brinquedos e atirando-os de lado, correrá para Ela.

 

13. Há pérolas na profundidade do mar, mas se você quiser possuí-las deve enfrentar todos os perigos. Se depois de mergulhar uma só vez na água e não as encontrar, não chegue à conclusão de que não há pérolas no mar. Mergulhe uma e outra vez e tenha a segurança de que, no final, você terá sua recompensa. Do mesmo modo, quando buscar Deus, se não conseguir vê-Lo em sua primeira tentativa e seu esforço lhe parecer inútil, não desanime. Persevere na intenção e seguramente, no final, conseguirá realizá-Lo.

 

14. Medite no Conhecimento e na Bem-aventurança Eterna e terá felicidade. A Felicidade é eterna, só que está coberta e obscurecida pela ignorância. Quanto menos apego tiver pelos objetos sensórios, tanto mais crescerá seu amor a Deus.

 

15. A mera possessão da riqueza não é o que faz um homem rico. O que distingue a casa de um homem rico é que, em cada cômodo, está acesa uma lamparina. Na casa do homem pobre não ardem muitas lamparinas, porque o azeite é escasso. 

Este templo, o corpo, não deve ser deixado às escuras. Deve-se acender nele a lamparina do Conhecimento. “Acende a lamparina do Conhecimento em sua câmara interior e contemple ali o rosto da Divina Mãe”. Cada um pode obter o Conhecimento. Existe o eu individual e o Eu superior. Cada indivíduo tem conexão com o Ser superior. Há uma conexão para o gás em cada casa, e o gás pode ser obtido na companhia de gás. A única coisa que deve fazer é solicitá-lo às autoridades competentes e o fornecerão. Então, terá gás em sua casa e sua habitação ficará iluminada. 

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      Emerson Berlanda Astrologia  
      Astrologia & Yoga